Se Deus existe, por que há tanto sofrimento?


Se Deus realmente existe, então por que tanta violência no mundo? Por que tantas crianças sofrendo? Por que tanta injustiça?

Perguntas dessa natureza são frequentes na cabeça de muita gente que gostaria de viver em um mundo melhor. Elas não entendem como pode existir um Deus Todo-poderoso e, ao mesmo tempo, um mundo cheio de problemas, violência, corrupção, injustiças, imoralidade, etc. Embora tais questionamentos pareçam lógicos, são, contudo, improcedentes.

Estou estudando a Enciclopédia Beacon, da Editora CPAD, e, paralelamente, lendo a Bíblia de Estudo Pentecostal, também publicada pela referida editora. Na Bíblia ut supra, há um estudo que fala sobre a providência de Deus e, em seu conteúdo, podemos encontrar a resposta para a pergunta do título desta postagem: Se Deus existe, por que há tanto sofrimento? 

"Depois de o Senhor Deus criar os céus e a terra (Gn 1.1), Ele não deixou o mundo à sua própria sorte. Pelo contrário, Ele continua interessado na vida dos seus, cuidando da sua criação. Deus não é como um hábil relojoeiro que formou o mundo, deu-lhe corda e deixa acabar essa corda lentamente até o fim; pelo contrário, Ele é o Pai amoroso que cuida daquilo que criou. O constante cuidado de Deus por sua criação e por seu povo é chamado, na linguagem doutrinal, a providência divina.

ASPECTOS DA PROVIDÊNCIA DIVINA. Há, pelo menos, três aspectos da providência divina. (1) Preservação. Deus, pelo seu poder, preserva o mundo que Ele criou. A confissão de Davi fica clara: 'A tua justiça é como as grandes montanhas; os teus juízos são um grande abismo; SENHOR, tu conservas os homens e os animais' (Sl 36.6). O poder preservador de Deus manifesta-se através do seu Filho Jesus Cristo, conforme Paulo declara em Cl 1.17: Cristo 'é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por Ele'. Pelo poder de Cristo, até mesmo as minúsculas partículas de vida mantêm-se coesas. (2) Provisão. Deus não somente preserva o mundo que Ele criou, como também provê as necessidades das suas criaturas. Quando Deus criou o mundo, criou também as estações (Gn 1.14) e proveu alimento aos seres humanos e animais (Gn 1.29,30). Depois de o dilúvio destruir a terra, Deus renovou a promessa de provisão, com estas palavras: 'Enquanto a terra durar, sementeira e sega, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite não cessarão' (Gn 8.22). Vários dos Salmos dão testemunho da bondade de Deus em suprir do necessário a todas as suas criaturas (e.g., Sl 104; 145). O mesmo Deus revelou a Jó seu poder de criar e de sustentar (Jó 38 a 41), e Jesus asseverou em termos bem claros que Deus cuida das aves do céu e dos lírios do campo (Mt 6.26-30; 10.29). Seu cuidado abrange, não somente as necessidades físicas da humanidade, como também as espirituais (Jo 3.16,17). A Bíblia revela que Deus manifesta um amor e cuidado especiais pelo seu próprio povo, tendo cada um dos seus em alta estima (e.g., Sl 91; ...). Paulo escreve de modo inequívoco aos crentes de Filipos: 'O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus' (...). De conformidade com o apóstolo João, Deus quer que seu povo tenha saúde, e que tudo lhe vá bem (...). (3) Governo. Deus, além de preservar sua criação e prover-lhe o necessário, também governa o mundo. Deus, como soberano que é, dirige os eventos da história, que acontecem segundo sua vontade permissiva e seu cuidado. Em certas ocasiões, Ele intervém diretamente segundo o seu propósito redentor (...). Mesmo assim, até Deus consumar a história, Ele tem limitado seu poder e governo supremo neste mundo. As Escrituras declaram que Satanás  é 'o deus deste século' [mundo] (2 Co 4.4) e exerce acentuado controle sobre a presente era maligna (...; Lc 13.16; Gl 1.4; Ef 6.12; Hb 2.14). Noutras palavras, o mundo, hoje, não está submisso ao poder regente de Deus, mas, em rebelião contra Ele e escravizado por Satanás. Note, porém, que essa autolimitação da parte de Deus é apenas temporária; na ocasião que Ele já determinou na sua sabedoria, Ele aniquilará Satanás e todas as hostes do mal (Ap 19 a 20).

 A PROVIDÊNCIA DIVINA E O SOFRIMENTO HUMANO. A revelação bíblica demonstra que a providência de Deus não é uma doutrina abstrata, mas que diz respeito à vida diária num mundo mal e decaído. (1) Toda pessoa experimenta o sofrimento em certas ocasiões da vida e daí surge a inevitável pergunta: 'Por quê?' (cf. Jó 7.17-21; Sl 10.1; 22.1; 74.11,12; Jr 14.8,9,19). Essas experiências alvitram o problema do mal e do seu lugar nos assuntos de Deus. (2) Deus permite que os seres humanos experimentem as consequências do pecado que penetrou no mundo através da queda de Adão e Eva. José, por exemplo, sofreu muito por causa da inveja e da crueldade dos seus irmãos. Foi vendido como escravo pelos seus irmãos e continuou como escravo de Potifar, no Egito (Gn 37; 39). Vivia no Egito uma vida temente a Deus, quando foi injustamente acusado de imoralidade, lançado no cárcere (Gn 39) e mantido ali por mais de dois anos (Gn 40.1 a 41.14). Deus pode permitir o sofrimento em decorrência das más ações do próximo, embora Ele possa soberanamente controlar tais ações, de tal maneira que seja cumprida a sua vontade. Segundo o testemunho de José, Deus estava agindo através dos delitos dos seus irmãos, para a preservação da vida (Gn 45.5; 50.20). (3) Não somente sofremos as consequências dos pecados dos outros, como também sofremos as consequências dos nossos próprios atos pecaminosos. Por exemplo: o pecado da imoralidade e do adultério , freqüentemente resulta no fracasso do casamento e da família do culpado. O pecado da ira desenfreada contra outra pessoa pode levar à agressão física, com ferimentos graves ou até mesmo o homicídio de uma das partes envolvidas, ou de ambas. O pecado da cobiça pode levar ao furto ou desfalque e daí à prisão e cumprimento de pena. (4) O sofrimento também ocorre no mundo porque Satanás, o deus deste mundo, tem permissão para executar  a sua obra e cegar as mentes dos incrédulos e de controlar as suas vidas (2 Co 4.4; Ef 2.1-3). O Novo Testamento está repleto de exemplos de pessoas que passaram por sofrimento por causa dos demônios que as atormentavam com aflição mental (e.g., Mc 5.1-14) ou com enfermidades físicas (Mt 9.32,33; 12.22; Mc 9.14-22; Lc 13.11,16; ...).

Dizer que Deus permite o sofrimento não significa que Deus origina o mal que ocorre neste mundo, nem que Ele pessoalmente determina todos os infortúnios da vida. Deus nunca é o instigador do mal ou da impiedade (Tg 1.13). Todavia, Ele, às vezes, o permite, o dirige e impera soberanamente sobre o mal a fim de cumprir a sua vontade, levar a efeito seu propósito redentor e fazer com que todas as coisas contribuam para o bem daqueles que lhe são fiéis (...)."



BIBLIOGRAFIA

Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, edição 1995, ano 2002, pp. 105 e 106 (os grifos no texto são meus).

15 - O LIVRO DE ESDRAS


  • Autor: Esdras
  • Tema: Restauração de um Remanescente
  • Data: 450 - 420 a.C.

Considerações Preliminares

O livro de Esdras faz parte da história seqüencial dos judeus, escrita depois de seu exílio, que consiste de 1 e 2 Crônicas, Esdras e Neemias. No Antigo Testamento hebraico, Esdras e Neemias formavam originalmente um só livro e, de igual modo, 1 e 2 Crônicas. Os eruditos bíblicos entendem que a inspirada história contida nesses livros provinha  de um só autor pós-exílico. Embora não haja menção do autor em nenhuma parte da Bíblia, quase todos os autores antigos judeus e cristãos, bem como muitos eruditos contemporâneos concluem que esse autor foi Esdras, o sacerdote e escriba. [...]

Segundo a tradição, foi Esdras quem coligiu todos os livros do Antigo Testamento e os reuniu numa só obra, que instituiu a liturgia do culto na sinagoga, e que fundou a Grande Sinagoga em Jerusalém, a qual fixou o cânon das Escrituras do Antigo Testamento. Esdras era um líder piedoso, em tudo fiel às Escrituras do Antigo Testamento e que as amava ardorosamente.

O livro de Esdras relata como Deus cumpriu sua promessa profética através de Jeremias (Jr 29.10-14), no sentido de restaurar o povo judeu depois de setenta anos de exílio, ao trazê-lo de volta à sua própria terra (Ed 1.1). O colapso de Judá como nação e sua deportação para Babilônia ocorrera em três levas separadas. Na primeira (605 a.C.), a nobreza jovem de Judá, inclusive Daniel, foi levada ao exílio; na segunda (597 a.C.), foram mais 11.000 exilados, inclusive Ezequiel; e na terceira leva (586 a.C.), o restante de Judá, menos Jeremias e os mais pobres da terra foram levados. Semelhantemente, a restauração do remanescente exílico, em cumprimento à profecia de Jeremias, ocorreu em três levas. Na primeira (538 a.C.), 50.000 exilados voltaram, liderados por Zorobabel e Jesua; na segunda (457 a.C.), mais de 17.000 voltaram conduzidos por Esdras; e na terceira leva (444 a.C.), Neemias e seus homens levaram de volta o restante do povo.

Cerca de dois anos depois da derrota do império babilônico pelo império persa (539 a.C.), começou o retorno dos judeus à sua pátria. O livro de Esdras registra a primeira e a segunda levas de repatriados abrangendo três reis persas (Ciro, Dario e Artaxerxes) e cinco líderes espirituais de destaque: (1) Zorobabel, que conduziu os primeiros exilados; (2) Jesua, um sumo sacerdote piedoso que auxiliou a Zorobabel; (3) Ageu e (4) Zacarias, dois profetas de Deus que encorajavam o povo a concluir a reconstrução do templo; e (5) Esdras, que conduziu o segundo grupo de exilados de volta a Jerusalém, e a quem Deus usou para restaurar o povo, espiritual e moralmente. Se Esdras escreveu esse livro, como é geralmente aceito, ele compôs a sua obra sob a inspiração do Espírito Santo mediante consulta aos arquivos oficiais (e.g. 1.2-4; 4.11-22; 5.7-17; 6.1-12), genealogias (e.g. 2.1-70), e memórias pessoais (e.g. 7.27 - 9.15). O livro foi escrito em hebraico, a não ser 4.8 - 6.18 e 7.12-26, trechos que foram escritos em aramaico, a língua oficial dos exilados em Babilônia.

Propósito

Este livro foi escrito para demonstrar a providência e fidelidade de Deus na restauração do remanescente judaico que voltou do exílio em Babilônia. (1) Deus moveu os corações de três diferentes reis persas, para ajudarem o povo de Deus a regressar à pátria, a repovoar Jerusalém e a reedificar o templo; e (2) proveu líderes espirituais e capazes para conduzir o remanescente que retornava, a um avivamento espiritual no culto a Deus, na dedicação à palavra divina e no arrependimento por causa da infidelidade do povo de Deus.

Visão Panorâmica

Os dez capítulos de Esdras dividem-se naturalmente em duas seções principais: (1) a primeira seção (1 - 6) trata do primeiro grupo de exilados judeus a voltar a Jerusalém e a reedificação do templo por eles; (2) a segunda seção (7 - 10) descreve o retorno do segundo grupo sob a liderança de Esdras, e a renovação espiritual que teve lugar, então.

(1) A primeira seção começa onde 2 Crônicas termina - com o cativeiro judeu e o decreto de Ciro, rei da Pérsia (538 a.C.), que permitiu a volta dos judeus à sua pátria (Ed 1.1-11). O capítulo 2 alista aqueles que constituíram o primeiro grupo. É digno de nota que apenas uns 50.000 exilados judeus dentre um milhão ou mais, vieram no primeiro grupo (Ed 1.5; 2.64,65). No capítulo 3, Zorobabel (um descendente de Davi) e Jesua (o sumo sacerdote) mobilizaram o povo para recomeçar a construção do templo destruído. Astutos inimigos de Judá manipularam meios políticos e interromperam a obra por algum tempo (cap. 4), mas depois a obra recomeçou e o templo foi concluído em 516 a.C. (caps. 5; 6).


(2) Houve um intervalo de quase sessenta anos entre os capítulos 6 e 7. Nesse período Ester tornou-se rainha da Pérsia, consorte do rei Assuero (i.e., Xerxes I). Ester tornou-se rainha por volta de 478 a.C. [...]. Os capítulos 7 e 8 registram eventos de uns vinte anos mais tarde, quando, então, um grupo menos de exilados voltou da Pérsia a Jerusalém sob a liderança de Esdras. Enquanto os primeiros exilados que voltaram realizaram a tarefa de edificar a Casa de Deus, Esdras empreendeu a obra de restaurar a Lei de Deus no coração do povo (cf. Ne 8.1-8). Esdras deparou-se com uma apostasia generalizada, espiritual e moral entre os homens de Judá, evidenciada nos seus casamentos mistos com mulheres pagãs. Com profunda tristeza Esdras confessou a Deus o pecado do povo, e intercedeu por ele (capcap. 10). 

Características Especiais

Quatro características principais assinalam o livro de Esdras. (1) Esdras e Neemias são o único registro histórico da Bíblia sobre a restauração pós-exílica dos judeus que retornaram à Palestina. (2) Uma característica notável desse livro é que entre suas duas divisões principais (1 - 6 e 7 - 10) há um intervalo histórico de aproximadamente sessenta anos. O livro todo abrange uns oitenta anos. (3) Esdras demonstra claramente como Deus vela sobre a sua palavra para cumpri-la (cf. Jr 1.12; 29.10); Deus controlou os corações dos reis persas como o leito de um rio comanda a direção das suas águas, para conduzir o seu povo à sua pátria (Ed 1.1; 7.11-28; cf. Pv 21.1). (4) O modo de Esdras tratar as mulheres pagãs com as quais os judeus (inclusive sacerdotes) casaram, transgredindo os mandamentos de Deus, ilustra amplamente o fato de que Deus requer que o seu povo viva separado do mundo pagão, e às vezes Ele emprega medidas radicais para tratar da perigosa transigência com o mal no meio do seu povo.

O Livro de Esdras à Luz do Novo Testamento

A volta do remanescente judaico à sua pátria e a reedificação do templo revelam que Deus sempre anela restaurar os desobedientes. Seus métodos incluem não somente o castigo pela apostasia, como também a restauração e esperança para o remanescente crente, através do qual Deus dirige o caudal da redenção no seu curso final. Vemos esse princípio no Novo Testamento, onde um remanescente crente dentre os judeus aceitou Jesus como o seu Messias, enquanto o fluxo principal da redenção passou dos judeus incrédulos para os gentios na igreja primitiva.
  

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ESTUDOS ANTERIORES


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BIBLIOGRAFIA
Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, Edição de 1995, ano 2002, pp. 708, 709 e 710.

JOTTA A

Uma mãe, fiel a Deus, regente do Grupo das Crianças da Igreja Assembleia de Deus, grávida, foi informada pelos médicos que a criança não poderia nascer, pois tinha hidrocefalia. Deus usou uma irmã em Cristo para dizer que aquela criança nasceria e que viajaria pelos quatro cantos da terra. Veja quem é essa criança hoje:

TERIA JEFTÉ SACRIFICADO SUA FILHA?


Eis mais uma questão polêmica contida na Bíblia Sagrada: Jefté realmente cumpriu o seu voto feito a Deus e sacrificou literalmente a sua única filha? Já tratamos em outra postagem sobre quem teria sido Melquisedeque (clique aqui para ver o estudo). Assuntos como esses dividem opiniões entre os mais renomados teólogos. Todavia, sabemos que a Bíblia explica a própria Bíblia, afinal ela é a Palavra de Deus e, como tal, é infalível e inerrante. No mais, a Bíblia é a única obra escrita em que o leitor é acompanhado pelo seu autor, logo, as dúvidas podem ser esclarecidas pelo próprio Espírito Santo de Deus, se pedirmos a Ele a explicação de um texto.

Vale aqui lembrar que, a Palavra de Deus em seu original é perfeita. Traduções feitas dos textos originais para outros idiomas podem provocar má interpretação, principalmente quando se analisa um texto fora do seu contexto.  Muitas seitas surgiram porque alguns leitores desavisados fizeram interpretações à luz das suas próprias conjecturas. É o caso das Testemunhas de Jeová, seita herética fundada a partir de uma visão deturpada do seu fundador, Charles Taze Russell. Isso sem falar que o próprio Satanás contribui para que a Palavra de Deus seja distorcida e mal interpretada.

Mas vamos tratar da questão em pauta: Jefté realmente sacrificou sua filha em cumprimento ao voto que fez a Deus? Leiamos o que diz o texto bíblico:

"E Jefté fez um voto ao Senhor e disse: Se totalmente deres os filhos de Amon na minha mão, aquilo que, saindo da porta de minha casa, me sair ao encontro, voltando eu dos filhos de Amon em paz, isso será do Senhor, e o oferecerei em holocausto. Assim, Jefté passou aos filhos de Amon, a combater contra eles; e o Senhor os deu na sua mão. E os feriu com grande mortandade, desde Aroer até chegar a Minite, vinte cidades, e até Abel-Queramim; assim foram subjugados os filhos de Amom diante dos filhos de Israel. Vindo, pois, Jefté a Mispa, à sua casa, eis que a sua filha lhe saiu ao encontro com adufes e com danças; e era ela só, a única; não tinha outro filho ou filha. E aconteceu que, quando a viu, rasgou as suas vestes e disse: "Ah! Filha minha, muito me abateste e és dentre os que me turbam! Porque eu abri a minha boca ao Senhor e não tornarei atrás. E ela lhe disse: Pai meu, abriste tua boca ao Senhor; faze de mim como saiu da tua boca, pois o Senhor te vingou dos teus inimigos, os filhos de Amom. Disse mais a seu pai: Faze-me isto: deixa-me por dois meses que vá, e desça pelos montes, e chore a minha virgindade, eu e as minhas companheiras. E disse ele: Vai. E deixou-a ir por dois meses. Então, foi-se ela com as suas companheiras e chorou a sua virgindade pelos montes. E sucedeu que, ao fim de dois meses, tornou ela para seu pai, o qual cumpriu nela o seu voto que tinha feito; e ela não conheceu varão" (Jz 11.30-39).

Os que defendem que Jefté sacrificou literalmente a sua filha, geralmente baseiam-se na natureza inviolável de um voto feito a Deus, conforme Eclesiastes 5.2-6, que diz: "Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus, e tu estás sobre a terra; pelo que sejam poucas as tuas palavras. Porque da muita ocupação vêm os sonhos, e a voz do tolo da multidão das palavras. Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos; o que votares, paga-o. Melhor é que não votes do que votes e não pagues."

Apesar do texto bíblico acima, em que Salomão advertiu seu leitores a respeito das promessas tolas feitas a Deus, por ser algo muito sério na cultura israelita o ato de votar, eu não acredito na literalidade do sacrifício da filha de Jefté. Para tanto, apresento abaixo textos com os quais concordo plenamente, pois justificam a minha posição. Como costumo fazer, as referências dos textos que não são meus seguem logo após a postagem.

¹"Muitos têm entendido que Jefté ofereceu a vida de sua filha ao Senhor, dada a natureza inviolável de um voto feito a Deus (cf. Ec 5.2-6). E mais, observam que um holocausto envolve o sacrifício de uma vida, e justificam esse procedimento tendo por base que um voto a Deus tem precedência sobre tudo o mais, até mesmo sobre a vida humana (cf. Gn 22). Deus é soberano sobre a vida e a toma quando quer (Dt 32.39), como finalmente o faz (Hb 9.27).

Entretanto, por diversas razões, não é necessário admitir que Jefté tenha oferecido um sacrifício de morte. Primeiro, ele tinha consciência da lei contra o sacrifício humano, e se essa fosse sua intenção quando fez o voto, um sacrifício humano, ele saberia que isso teria sido uma clamorosa rejeição da lei de Deus.

Em segundo lugar, o texto não diz ter ele realmente matado sua filha como holocausto. Isto é apenas inferido por alguns porque ele tinha prometido quem quer que primeiro saísse de sua casa seria oferecido ao Senhor "em holocausto" (Jz 11.31). Como Paulo mostrou, os seres humanos devem ser oferecidos a Deus como um "sacrifício vivo" (Rm 12.1), e não como sacrifício de mortos. É possível que Jefté tenha oferecido sua filha ao Senhor como um sacrifício vivo. Por todo o resto de sua vida ela serviria ao Senhor na casa do Senhor e permaneceria virgem.

Terceiro, um sacrifício vivo de perpétua virgindade era um sacrifício tremendo no contexto judaico daqueles dias. Fazendo alguém voto de perpétua castidade, e sendo dedicada ao serviço do Senhor, ela não poderia jamais ter filhos e assim dar continuidade à linhagem familiar de seu pai. Jefté agiu com muita honra e grande fé no Senhor, não voltando atrás em relação ao voto que ele havia feito ao Senhor seu Deus.

Quarto, este modo de ver a questão apóia-se no fato de que quando a filha de Jefté saiu para chorar por dois meses, ela não saiu para lastimar a sua morte iminente. Não, ela saiu e "chorou a sua virgindade" (Jz 11.38).

Finalmente, se ela tivesse de enfrentar a morte ao fim dos dois meses, teria sido muito simples para ela casar-se com alguém e viver com essa pessoa durante os dois meses que antecederiam sua morte. Não havia razão para a filha de Jefté lastimar pela sua virgindade, a menos que estivesse com a perspectiva de viver toda uma vida nessa condição. Como Jefté não tinha outros filhos, sua filha não se lamentou acerca de sua virgindade por causa de nenhum desejo sexual ilícito."

Leia agora um texto de autoria da Professora Gláucia Vilela, publicado em seu Blog "Tela Hebraica" que, pra mim, não deixa mais dúvida sobre o fato de que Jefté não sacrificou literalmente a sua filha. 

²"Jefté sacrificou a filha? Juízes 11.30-40 (I Parte)"   

"Iremos discutir sobre um texto que traz alguns problemas em sua interpretação. Trata-se de Juízes 11.30-40 onde Jefté realiza um voto de holocausto que recaiu sobre a sua primogênita.

Jefté era filho de uma prostituta. O seu pai, Gileade, era casado e tinha filhos mais velhos que o repeliram para não ter que dividir a herança com mais um (Juízes 11.2). Fugido, desprezado e fadado à pobreza por não ter o que herdar, tornou-se um valente e famoso mercenário para poder sobreviver e, provavelmente, praticava delitos pelo grupo de 'amigos' que atraiu, chamados de 'levianos' em Juízes 11.3. E por que os anciãos chamaram a Jefté, um bandido, para liderar Israel numa guerra contra os amonitas?

'Por que agora viestes a mim quando estais em aperto?'  [Juízes 11.7]

Por ser desprezado, sem família e bens, a vida de Jefté e seus companheiros não valia nada, literalmente. No mundo antigo a vida das pessoas valia dinheiro!

Então, segundo a tabela de preços de Levíticos 27.2-8:

Homem de 20 a 60 anos .........................
50 shekel de prata
Mulher de 20 a 60 anos ...........................
30 shekel de prata
Homem de 5 a 20 anos ...........................
20 shekel de prata*
Mulher de 5 a 20 anos .............................
10 shekel de prata
Bebê menino de 1 mês a cinco anos ...... 
5 shekel de prata
Bebê menina de 1 mês a cinco anos ...... 
3 shekel de prata
Homem idoso acima de 60 anos .............
15 shekel de prata
Mulher idosa acima de 60 anos ...............
10 shekel de prata

*José era adolescente e foi vendido por 20 peças de prata (Gênesis 37.28), ou seja, foi avaliado dentro dessa tabela.

As leis de Levíticos foram registradas bem depois da história de José. Foram mais de quatrocentos anos entre a venda de José por vinte peças de prata e a publicação da tabela pelas leis de Moisés.

Isso quer dizer que as leis de Moisés foram uma adaptação santa de leis que já existiam e eram praticadas no mundo antigo.

Assim, o Código Hebreu foi feito de leis de outros códigos pagãos moldados para a santificação de Israel. Isso pode parecer estranho, mas é por isso que foi mantida a Lei do Talião, 'olho por olho, dente por dente' porque a lei 'do que se faz de errado se paga na proporção', estava ainda entranhada nas raízes do povo em formação. O povo de Israel precisava de leis para organizar a sua formação, mas elas não poderiam entrar em conflito com os seus costumes diários.

Assim, os sacrifícios de animais para agradar aos deuses eram costumeiramente realizados pelos povos do mundo antigo, que acabaram estendendo à prática de sacrifício de crianças. Os primogênitos eram mais valiosos, e eram uma forma sublime de alcançar grandes bênçãos.

O D'us de Israel usou o sacrifício e o derramamento de sangue dos povos pagãos para dar lições ao povo recém formado sobre REDENÇÃO.

A primeira grande lição que D'us quis dar à Israel sobre a redenção foi a proposta à Abraão de sacrificar o seu primogênito e oferecê-lo em holocausto (Gênesis 22.2-12). A cultura pagã estava tão enraizada nele que não relutou em obedecer, muito menos Isaque, já um rapazinho, fugiu ou lutou contra o pai para não morrer. Os valores morais da época permitiam tal sacrifício sem condenação e D'us tinha que mudar isso, a começar pelos patriarcas, os fundadores da nação. A mensagem era a seguinte: se os outros deuses obrigam vocês a dolorosamente sacrificar os seus primogênitos no fogo, Eu, o D'us de Israel, dou a opção de substituir esse sacrifício por um animal macho, sem defeitos, também de grande valor, do seu rebanho.

Essa proposta de Redenção do D'us Único serviu de grande alívio para Israel, e muitos estrangeiros se aliaram ao povo por causa dela.

No mundo antigo era muito comum o hábito de se fazer votos que recaíam em sacrifícios de vidas humanas. Assim, em Israel, não se proibiu a lei do voto, mas passou-se a doar a D'us o valor estimado de uma pessoa (Voto de Holocausto - Levíticos 27.1) segundo a tabela dada acima. Um siclo nas versões cristãs ou um shekel na moeda do texto hebraico, vale cerca de 22,9 gramas de prata.

O que consistia o voto de Jefté (Juízes 11.30)

O judaísmo é uma religião muito preocupada com o acerto dos ciclos naturais do mundo. Isso porque essa é a base para a Vida  nos ensinos da Torah. Os judeus chamam de "Tikun Olam" ou seja, Ordem do Mundo, o que procura justamente uma ética para organizar quebras de ciclos ou pequenas desordens.

Assim, muitas coisas  que os israelitas não fazem, na verdade são porque simbolizam quebras de ciclos da Vida. Um exemplo? Eles não misturam nos alimentos leite e carne, porque um simboliza a Vida (sem o leite, os filhotes não podem crescer) e o outro é símbolo da morte (para se ter carne, um animal deve ser sacrificado).

Sacrificar um filho passou a ser um grande erro para os hebreus, pois era a quebra da geração de vida de uma família provocada por um membro do próprio ciclo. Os habitantes de Canaã faziam isso através de votos e contaminaram alguns de Israel por causa da desobediência: 'Não destruíram os povos, como o Senhor ordenara, mas se misturaram com as nações, e adotaram os seus costumes... sacrificaram seus filhos e suas filhas aos demônios. Derramaram sangue inocente, o sangue de seus filhos...' Trechos de Salmos 106.34-40.

Perceberam a gravidade desse texto? Só existe sacrifício de filhos e filhas aos demônios, a D'us jamais!

Para corrigir essa terrível prática no Seu povo Santo, D'us instruiu Abraão a sacrificar o seu único filho (Gênesis 22). Se nos dias de hoje isso seria um abismo, para Abraão era natural, afinal, era comum sacrifícios de filhos aos deuses. Apesar de crer que Isaque poderia reviver, esse era o degradante pensamento de toda uma geração, que foi mudado com um novo conceito: o D'us de Israel oferece Redenção. Assim, o rapaz foi substituído por um carneiro trazido pelo próprio D'us (v.22.13), sendo depois fixada a ordem na Lei de Moisés:

'Não haja no teu meio quem faça passar pelo fogo o filho ou a filha...' (Deuteronômio 18.10).
  
O VOTO DE JEFTÉ NO TEXTO EM HEBRAICO

E o voto de Jefté: 'qualquer que, saindo da porta da minha casa, me vier ao encontro... esse será do Senhor, e o oferecerei em holocausto.' Juízes 11.30-31 e 'Ela era filha única.' v.34.

Já falamos em outras postagens que a Bíblia possui termos linguísticos que não devem ser considerados literalmente, como temos hoje: 'pisar na bola', 'chutou o balde', etc. Assim, temos na análise do termo 'oferecer em holocausto' no texto hebraico:



Que texto lindo!!! Não tem nada de sacrifício!

Concluímos que os radicais das palavras elevar e holocausto ("olah") são os mesmos. Assim, a moça foi "elevada" em holocausto, num termo lingüístico que segue as regras de voto pelas avaliações da tabela de Levíticos 27 [cf. tabela com as avaliações exposta neste texto].


Os votos de Jefté e Ana
(Conclusão de: Jefté sacrificou a sua filha?)

  
Um voto era uma promessa realizada em termos solenes em que uma pessoa se obrigava a realizar um ato ou abster-se de alguma coisa. Diferente dos dias atuais, era muito comum a realização de votos no mundo antigo e podia ser registrado em uma espécie de cartório. Em alguns casos, havia até multa de 20% sobre o valos da avaliação do objeto prometido, caso a pessoa quisesse fazer o resgate em forma de dinheiro.

Para Israel, após a determinação da Lei Mosaica, a Lei do Voto passou a ter dois principais objetivos:

1. Ensinar ao povo lições sobre o Resgate que só o D'us Único (Echad) oferecia;

2. Glorificar e enaltecer as bênçãos e vitórias que esse mesmo D'us concedia.

Votos precipitados de mulheres podiam ser anulados pelos pais ou marido: Números 30.6.


Os votos de Jefté e Ana


Levíticos 27.2: 'Esta é a lei quando uma pessoa expressa um voto para doar a D'us o valor estimado de uma pessoa.'  

Esse é o tipo de voto realizado por Jefté, exatamente igual ao realizado por Ana ( I Samuel 1.11):

VOTO DE JEFTÉ: 'E Jefté fez um voto ao Senhor: Se totalmente entregares os filhos de Amom nas minhas mãos, qualquer um que, saindo da porta da minha casa, me vier ao encontro, voltando eu vitorioso dos filhos de Amom, esse será do Senhor, e o oferecerei em holocausto.' Juízes 11.30-31.

VOTO DE ANA: 'Ela, com amargura de alma, orou ao Senhor, chorou muito, e fez um voto, dizendo: Ó Senhor dos Exércitos, se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva não te esqueceres, mas à tua serva deres um filho, ao Senhor o darei por todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha.' I Samuel 1.10-11.

A diferença é que Ana não mencionou o novilho que deveria entregar para o holocausto no cumprimento do seu voto, mas em I Samuel 1.24-25 cita o dia da entrega do menino:

'Havendo-o desmamado, tomou-o consigo, com um novilho de três anos, um efa de farinha e um odre de vinho, e o levou à casa do Senhor, em Siló... degolaram o novilho, e trouxeram o menino a Eli.'

Obviamente, Jefté esperava uma multidão para recebê-lo na volta de sua vitória contra Amom. Talvez imaginasse um servo ou escravo, mas sabia muito bem do risco de ser a própria filha. A tristeza profunda dele foi provocada pelo desmantelamento das suas riquezas nesse voto.

O que acarretaria? Jefté não teve direito à herança junto aos seus pais porque era filho bastardo. Todos os seus bens vieram de suas administrações e vitórias como Juiz de Israel. No primogênito se dá a promessa de herança e gerenciamento de todos os bens do pai. No caso de uma filha primogênita, esperava-se ela casar e ter um filho homem para receber o direito de primogenitura. Ao fazer esse voto, Jefté ofereceu em holocausto o que a moça valia: toda a sua herança!!!

Observamos aí, um princípio espiritual no ciclo de heranças na época da consolidação da nação israelita. Riquezas herdadas pelos pais eram transmitidas aos filhos e passadas às próximas gerações. Como Jefté não havia herdado nada, os bens que acumulou também não serviram de herança para ninguém, voltaram para D'us.

Quanto à moça, tornou-se pobre e impossibilitada de casar. (Juízes 11.40)".

Sobre o assunto, a Bíblia de Estudo Pentecostal comenta o seguinte:

³"Tudo indica que Jefté não ofereceu fisicamente sua filha em sacrifício (vv. 30,31), por duas razões, pelo menos: (1) Ele certamente conhecia a lei de Deus que proibia rigorosamente sacrifícios humanos, e por certo sabia que Deus tinha tal ato como uma abominação intolerável (Lv 18.21; 20.2-5; Dt 12.31; 18.10-12). (2) A menção enfática de que 'ela não conheceu varão' (i.e., não se casou), deixa claro que ela foi apresentada a Deus como um sacrifício vivo, dedicando toda sua vida como virgem, e ao serviço do santuário nacional de Israel (Êx 38.8; 1 Sm 2.22)."

  
FONTES:

¹Blog Biblioteca Bíblica. Clique aqui para ver o Blog.
²VILELA, Gláucia. Blog Tela Hebraica. Clique aqui para ver o Blog.
³CPAD, Bíblia de Estudo Pentecostal, Edição de 1995, ano 2002, p. 405.

14 - O SEGUNDO LIVRO DAS CRÔNICAS


  • Autor: Esdras (?)
  • Tema: Adoração Verdadeira, Avivamento e Reforma
  • Data: 450 - 420 a.C.

Considerações Preliminares

Visto que 1 e 2 Crônicas eram originalmente um único livro no Antigo Testamento hebraico, o contexto histórico de 2 Crônicas pode ser visto em detalhes na introdução de 1 Crônicas (clique aqui para ver a introdução de 1 Crônicas). 2 Crônicas abrange o mesmo período de história que 1 e 2 Reis - a saber: o reinado de Salomão (971 - 931 a.C.) e o reino dividido (930 - 586 a.C.). Diferentemente de 1 e 2 Reis, que seguem a história das duas partes do reino dividido, 2 Crônicas focaliza exclusivamente o destino de Judá. O escritor considera Judá, o Reino do Sul, como o fluxo principal da "história da redenção" de Israel, posto que (1) o templo de Jerusalém permaneceu como o centro da verdadeira adoração a Deus, (2) seus reis eram descendentes de Davi e (3) Judá, a tribo predominante entre os judeus que voltaram e reconstruíram Jerusalém e o templo. 2 Crônicas foi escrito da perspectiva sacerdotal da segunda metade do século V a.C., quando, então, o templo, o sacerdócio e o concerto davídico voltaram a ter importância capital.

Propósito

Como 1 Crônicas, 2 Crônicas foi dirigido ao remanescente judaico que retornará, sentindo a urgente necessidade de reaver sua herança espiritual. Ao invés de salientar o lado sombrio do passado de Israel, o livro enfatiza o avivamento, a reforma e a recuperação da fé para os exilados desalentados, que buscavam na terra prometida um futuro e uma esperança redentora.

Visão Panorâmica

O conteúdo de 2 Crônicas divide-se em duas seções. (1) Os capítulos 1 - 9 tratam do reinado de Salomão, a época áurea de paz, poder, prosperidade e prestígio de Israel. Mesmo assim, consoante o propósito global de Crônicas, cerca de dois terços desses nove capítulos focalizam a edificação e construção do templo como o centro da verdadeira adoração a Deus pelos israelitas (caps. 2 - 7).

(2) Os capítulos 2 - 36 constituem um relato altamente seletivo dos reis de Judá depois da morte de Salomão e da divisão do reino. Em meio ao declínio espiritual e apostasia de Judá, 2 Crônicas ressalta certos reis dignos de menção: Asa (14;15), Josafá (17;19;20), Joás (cap. 24), Ezequias (29 - 32) e Josias (34;35). Cada um deles promoveu e liderou avivamentos espirituais na nação. Cerca de 70% do conteúdo dos caps. 10 - 36 focalizam esses reis como responsáveis por avivamento e reforma, ao passo que apenas 30% focalizam os maus reis, culpados da corrupção e colapso do reino. O livro termina quando Ciro, rei da Pérsia, permitiu aos exilados judeus voltarem para reedificarem o templo de Jerusalém (36.22-32). 

Características Especiais

Quatro características principais assinalam 2 Crônicas. (1) Seu escopo histórico corresponde praticamente ao do período de 1 e 2 Reis. (2) Seu enfoque no templo de Jerusalém é o motivo mais provável para Crônicas ter sido colocado na divisão não-profética do Antigo Testamento hebraico, separando-o, assim, de Samuel e Reis, que estão colocados na divisão profética. (3) Trata de cinco avivamentos nacionais, inclusive: (a) o relato mais extenso no Antigo Testamento de um avivamento espiritual no reinado de Ezequias (29 - 32) e (b) o maravilhoso avivamento sob Josias quando, então, foi achado "o livro da Lei" e lido publicamente, o que resultou numa renovação do concerto e na celebração da Páscoa (34;35). (4) A exortação principal do livro é: "Buscai ao Senhor". O livro ressalta repetidas vezes a importância de se buscar ao Senhor com diligência, de todo o coração (e.g. 1.6-13; 6.14; 7.14; 12.14; 15.1,2,12-15; 16.9,12; 17.4; 19.3; 20.3,4,20; 31.21; 32.20,22; 34.26-28).

Paralelo entre 2 Crônicas e o Novo Testamento

O reino davídico fora destruído, mas a sua linhagem permaneceu, tendo seu cumprimento em Jesus Cristo (ver as genealogias em Mt 1.1-17 e Lc 3.23-38). Além disso, o templo de Jerusalém tem significado profético relacionado com Jesus, que declarou: "Pois eu vos digo que está aqui quem é maior do que o templo" (Mt 12.6). Jesus também fez uma comparação entre seu corpo e o templo: "Derribai este templo, e em três dias o levantarei" (Jo 2.19). Finalmente, na nova Jerusalém, Deus e o Cordeiro substituem o templo: "E nela não vi templo, porque o seu templo é o Senhor, Deus Todo-poderoso, e o Cordeiro" (Ap 21.22).

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ESTUDOS ANTERIORES


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BIBLIOGRAFIA
Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, Edição de 1995, ano 2002, pp. 659 e 660.

QUEM FOI MELQUISEDEQUE?

A pergunta "QUEM FOI MELQUISEDEQUE?" divide opiniões. Há Algumas hipóteses, como a de alguns teólogos cristãos, que acreditam ter sido Melquisedeque uma aparição do próprio Senhor Jesus Cristo antes de Seu nascimento. Outros defendem que Melquisedeque foi, na verdade, Sem, um dos filhos de Noé. Vejamos algumas teses sobre quem foi Melquisedeque.


"E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e este era sacerdote do Deus Altíssimo. E abençoou e disse: Bendito seja Abrão do Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra; e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E deu-lhe o dízimo de tudo" (Gn 14.18-20).
  

ENCICLOPÉDIA DE DIFICULDADES BÍBLICAS

Melquisedeque foi uma pessoa histórica, real, ou uma figura mitológica?

O relato de Gn 14.18-20 parece um episódio eminentemente histórico, da mesma forma que é real o resto do capítulo. A passagem nos fala da existência de um rei-sacerdote de Salém (i.e., Jerusalém, com toda probabilidade) chamado Melquisedeque, o qual se achou na obrigação de saudar Abraão que voltava da guerra do morticínio dos reis da Mesopotâmia, invasores entre Dã e Hobá (v.15) e suprir-lhe as provisões para seus soldados fatigados da guerra. Deu-lhe os parabéns pela vitória heróica e derramou uma bênção sobre ele, em nome do Deus Altíssimo (El Elyon) – título jamais aplicado nas Escrituras Sagradas a alguém, exceto ao próprio Iavé. É óbvio que Melquisedeque era um verdadeiro crente que havia permanecido fiel ao culto ao autêntico e único Deus (da mesma forma que Jó e seus conselheiros do norte da Arábia; Jetro, o sogro de Moisés; e Balaão, vindo de Petor no vale do Eufrates). O testemunho de Noé e de seus filhos evidentemente fora mantido em outras partes do Oriente Médio, além de Ur e Harã.

Houve, todavia, um aspecto de grande importância a respeito da maneira como Melquisedeque foi colocado dentro desta narrativa: seus pais não são mencionados, não havendo declaração alguma a respeito de seu nascimento e morte. A razão desta falta de informações se torna clara em Hebreus 7.3: “sem pai, sem mãe, sem genealogia; que não teve princípio de dias, nem fim de existência, entretanto, feito à semelhança do Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre”. O contexto esclarece que Melquisedeque entrou em cena como um tipo do Messias, o Senhor Jesus. A fim de salientar esta característica típica deste sumo sacerdote, o registro bíblico de propósito omite a menção de seu nascimento, filiação, parentesco e linha genealógica. Isso não quer dizer que ele não teve pai (pois até o antítipo, Jesus de Nazaré, teve o Espírito Santo como seu Pai – e é certo que sua mãe, Maria, é mencionada nos Evangelhos), nem que ele jamais nascera (pois até Cristo, em sua forma humana, teve seu natal). É que o aparecimento dramático e repentino de Melquisedeque ficou mais saliente quando ele foi apresentado como porta-voz do Senhor a Abraão, servindo como arquétipo do futuro Cristo, que derramaria bênçãos sobre o povo de Deus.

Melquisedeque apresentou-se como precursor ou tipo do grande Sumo Sacerdote, Jesus Cristo, que desempenharia uma função sacerdotal muito mais elevada e eficaz do que Arão e os levitas. Isso foi ensinado nos dias de Davi, no salmo 110.4, referindo-se ao futuro Libertador de Israel: “O Senhor jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque”. Hebreus 7.1,2 salienta as características de Melquisedeque como tipo de Cristo:

1. Melchi-sedeq de fato significa “Rei de Justiça”.

2. Ele era rei de Salém, que vem da mesma raiz de shalom, “paz”.

3. É apresentado sem menção, filiação e genealogia, como convém ao tipo do Verbo, o Deus Eterno, que não tem começo nem fim de dias, que se encarnou em Jesus de Nazaré.

4. Como o Sumo Sacerdote eterno, segundo a “ordem de Melquisedeque” (Sl 110.4), Cristo desempenharia um sacerdócio que substituiria de modo total o de Arão, estabelecido sob a Lei de Moisés, o qual duraria para sempre por causa da eternidade do Sumo Sacerdote divino, e por isso imperecível (Hb 7.22-24).

A despeito das tradições fantasiosas mantidas e ensinadas por alguns rabinos (que aparecem bem cedo, ao surgir a seita de Qumran – cf. Fragmento de Melquisedeque da caverna 11), segundo a qual Melquisedeque teria sido uma espécie de anjo ou ser sobrenatural, os dados da própria Escritura apontam com clareza para a historicidade desse homem como sendo o rei de Jerusalém, nos dias de Abraão. Sua descrição em Hebreus 7.3 como apator, ametor, agenealogetos (“sem pai, sem mãe, sem genealogia”) não pode significar que Melquisedeque jamais teve pais, nem linha de ancestrais, visto que era um tipo de Jesus Cristo, a respeito de quem nenhuma destas palavras é literalmente verdadeira. Antes, esse versículo simplesmente significa que nenhum desses itens de informação foi incluído no registro de Gênesis 14, e foram omitidos, de propósito, a fim de enfatizar a natureza divina e a impossibilidade de o Messias, o antítipo, vir a perecer.


TODOS OS PERSONAGENS DA BÍBLIA DE A a Z 

MELQUISEDEQUE

Este homem é um tanto enigmático, já que alguns estudiosos questionam que tenha sido um personagem histórico, alegórico ou ambos. Ele é identificado como o rei de Salém no tempo de Abraão. Salém significa Jerusalém, que naquela época era uma cidade pagã chamada Sião. Ela recebeu o nome de Jerusalém quando foi governada pelos jebusitas, um pouco antes do rei Saul.

Quando Abraão derrotou a coalizão dos cinco reis que havia capturado Ló (Gn 14.13 em diante), Melquisedeque veio ao seu encontro carregando presentes, como pão e vinho. Ele é chamado de "sacerdote do Deus Altíssimo", presumivelmente Jeová, abençoando Abraão no nome de Deus (Gn 14.18 em diante). Abraão submeteu-se a Melquisedeque, pagando o tributo de um décimo de todos os espólios resultantes da sua guerra contra os cinco reis.

O fato de Melquisedeque ser chamado "sacerdote do Deus Altíssimo" suscita um dilema, porque antes da conquista de Canaã pelos judeus, Jerusalém era uma cidade cananéia e todos os cananeus eram pagãos. Além disso, Deus mal tinha começado a se revelar a Abraão, e nenhum sacerdócio de Jeová ainda havia sido estabelecido, o que aconteceria somente muitos séculos depois, ao tempo de Moisés e Arão. Desse modo, a fim de lidar com esse anacronismo, alguns estudiosos antigos identificaram Melquisedeque com o filho de Noé, Sem, que os eruditos acreditavam ainda estar vivo no tempo de Abraão.

É provável que haja uma raiz histórica entre Abraão e Melquisedeque, mas há lendas que podem ter se misturado com essa ligação. Alguns estudiosos acreditam que ele tenha sido um sacerdote do principal deus dos cananeus. Por conseqüência, ele podia ser amplamente reconhecido como um homem justo e bom, sendo que, ao longo dos anos, o preconceito de que somente seguidores de Jeová podiam ser justos teria provocado a adaptação dessa história para a forma atual.

Existe outra possibilidade. Entre os períodos vividos por Abraão e Moisés, o faraó egípcio Akhenaton pregou uma religião monoteísta que, por conseguinte, prestava culto somente a um deus, ou seja, o deus-sol Aton. Essa religião ensinou praticamente a mesma moralidade e o mesmo padrão de justiça que era defendido pelos antigos israelitas. Nesse caso, Deus não teria se revelado apenas a Abraão, ainda que a única revelação que sobreviveu e cresceu tenha sido essa. Se Deus revelou-se ao faraó Akhenaton, ele também pode ter se revelado a Melquisedeque.

Embora Melquisedeque apareça somente em três versículos de Gênesis (14.18-20), a reputação envolvendo o nome de Melquisedeque deve ter causado um grande impacto nas pessoas por meio da tradição oral ao longo dos séculos.

Melquisedeque, o rei-sacerdote, é lembrado em um salmo de Davi, que exalta o seu reinado e os aspectos santos de seu domínio pelo direito divino: "O Senhor estenderá o cetro de seu poder sobre os teus inimigos [...] O Senhor jurou e não se arrependerá: 'Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque'" (Salmo 110.2, 4).

Da mesma maneira, o escritor da epístola aos Hebreus faz inúmeras menções a ele, enfatizando, uma vez mais, que Jesus é o Rei-Sacerdote, governando com justiça por meio e para Deus (Hb 6.20). Ele também recapitula a história de Gênesis, indo de Melquisedeque a Abraão, indicando que o verdadeiro sacerdócio justo não é uma questão de hereditariedade, mas provém de uma "vida indestrutível" (Hb 7.15-16).

O nome de Melquisedeque aparece em muitos dos rolos encontrados no mar Morto, sendo que alguns documentos o equiparam ao arcanjo Miguel, o campeão universal da retidão. Tais documentos devem ter estabelecido o caminho para identificação de Melquisedeque com o papel de Jesus, como rei e sacerdote, feita pelos cristão primitivos. O próprio nome significa "justo governador" ou "rei da justiça".


COMENTÁRIO BÍBLICO BEACON


Melquisedeque (Gn 14.18), o honorável sacerdote-rei de Salém (Jerusalém), deu comida e bebida aos vencedores e pronunciou uma bênção a Abrão (Gn 14.19). O nome Deus Altíssimo (Gn 14.18) era, naqueles dias, designação comum da divindade no país da Palestina. Em atenção aos atos do sacerdote-rei, Abrão deu o dízimo de tudo (Gn 14.20) a Melquisedeque. O rei de Sodoma (Gn 14.21) tinha menos inclinação religiosa. Pediu seu povo de volta, contudo foi bastante generoso em oferecer a Abrão todo saque procedente do combate. Abrão tinha pouco respeito por este homem e respondeu que fizera o voto de não ficar com nenhum bem que pertencesse ao rei de Sodoma, para que, depois, isso não fosse usado contra ele por aquele indivíduo repulsivo. Abrão também deixou claro que o seu Deus tinha o título de SENHOR (Gn 14.22) e não era apenas outra deidade cananéia. A única coisa que Abrão pediu foi que os soldados fossem recompensados pelos serviços prestados e que seus aliados, Aner, Escol e Manre (Gn 14.24), tivessem participação no saque.

O caráter robusto de Melquisedeque e seu status como respeitado sacerdote-rei tornaram-se significativo em posteriores pronunciamentos sobre o esperado Messias. O Salmo 110.4 relaciona o Messias na "ordem de Melquisedeque" e o escritor da Epístola aos Hebreus cita esta porção dos Salmos para mostrar que Cristo é este tipo de ordem sacerdotal no lugar da ordem arônica (Hb 5.6,10; 6.20; 7.1-21).

O escritor de Hebreus enfatiza o significado do nome e status de Melquisedeque para sinalar que ele e Cristo eram homens de justiça e paz (Hb 7.1,2). A próxima correlação é um destaque na força e valor pessoal e não na linhagem. Seu ofício não passou automaticamente a outro. Cristo é o Sumo Sacerdote e não somente sacerdote, e em vez de dar somente uma bênção, Cristo salva "perfeitamente" (Hb 7.25,26).


BÍBLIA DE ESTUDO APLICAÇÃO PESSOAL

Nota (Gn 14.18) - Quem foi Melquisedeque? Certamente tratava-se de um homem temente a Deus, pois seu nome significa "rei justo", e "rei de Salém" significa "rei da paz". Melquisedeque foi chamado de "sacerdote do Deus Altíssimo" (Hb 7.1,2). Ele reconhecia que Deus era o Criador dos céus e da terra. O que mais se sabe sobre ele? Quatro principais teorias foram sugeridas: (1) Melquisedeque era respeitado como rei da região. Abrão apenas demonstrou-lhe o respeito devido; (2) O nome Melquisedeque poderia ser um título dado a todos os reis de Salém; (3) Melquisedeque era um tipo de Cristo (Hb 7.13). Um tipo é um acontecimento ou ensinamento do Antigo Testamento tão proximamente relacionado às realizações de Jesus que ilustra uma lição sobre Cristo; (4) Melquisedeque era o aspecto terreno da pré-encarnação de Cristo em uma forma corpórea temporária.

(...) Certo dia [Melquisedeque] apareceu na vida de Abrão e depois nunca mais se ouviu falar dele. Entretanto, o que ocorreu naquele dia seria lembrado por toda a história e viria a tornar-se um assunto de uma das cartas do Novo Testamento (Hebreus).

Este encontro entre Abrão e Melquisedeque foi muito incomum. Embora os dois homens não se conhecessem e fossem estranho um ao outro, ambos partilhavam uma característica essencial: adoravam e serviam ao Deus que fez os céus e a terra. Este foi um grande momento de triunfo para Abrão. Ele acabara de derrotar um exército e recobrar a liberdade de um grande número de cativos. Se houve em sua mente qualquer dúvida sobre o responsável pela vitória, Melquisedeque  fez claro: "... bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos" (Gn 14.20). Abrão reconheceu que ele e Melquisedeque adoravam ao mesmo Deus.

Melquisedeque fazia parte de um pequeno grupo de pessoas no Antigo Testamento que adoravam a Deus, tinham contato  com os judeus (israelitas), porém não eram judias. Isto mostra que o requisito para seguir a Deus não é genético, mas está baseado na obediência fiel aos seus ensinamentos e no reconhecimento da sua grandeza.

Pontos fortes e êxitos: (a) Primeiro sacerdote/rei das Escrituras - um líder com o coração voltado para Deus; (b) Hábil para encorajar as pessoas a servir a Deus de todo o coração; (c) Um homem cujo caráter refletia seu amor por Deus; e (d) Uma pessoa no Antigo Testamento que nos lembra Jesus, e a qual alguns realmente acreditam que era Jesus.


WIKIPÉDIA - A ENCICLOPÉDIA LIVRE

A hipótese de Sem ter sido apresentado
com o nome de Melquisedeque

Falando das gerações de Noé, a Bíblia relata em Gênesis 6:9-10 que o patriarca gerou três filhos varões chamados: Sem, Cam e Jafé. Se esta ordem respeitar a cronologia dos nascimentos, teremos que Sem foi o filho mais velho.

Sabe-se que Sem era mais velho que Jafé, conforme está descrito em Gn 10:21, e que Cam era o filho caçula de Noé (Gênesis 9:24), sendo que, nos países orientais, principalmente nos tempos antigos, a primogenitura era um posição altamente valorizada e, portanto, Sem já era de fato aquele que receberia a bênção de seu pai (Gn 9:26-27).

Como se não bastasse, Sem foi contado como merecedor desta bênção também por sua atitude bem aprovada por seu pai, quando seu respeito foi mostrado na ocasião em que Noé havia se embriagado com vinho e tinha ficado nu em sua tenda.

Tem-se que Sem foi quem deu continuidade à liderança de Noé, na Terra. Todo o povo conhecido seria então liderado por Sem, segundo a Bíblia relata: Alargue Deus a Jafé, e habite nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por servo (Gn 9:27).

Sem foi quem mais teria vivido dentre seus irmãos. Diz a Bíblia em Gn 11:10-11 que Sem era da idade de cem anos quando gerou Arfaxade e depois viveu ainda outros quinhentos anos que totalizam uns impressionantes seiscentos anos. Isto significaria tempo de vida suficiente para ver os filhos de seus filhos até a 12ª geração, de modo que Sem pode ter visto Jacó, filho de Isaque e neto de Abraão, que segundo sua própria antecedência, seriam filhos de Sem. Assim, no mundo da época de Abraão, ainda restaria um homem que teria vivido no Mundo Antigo, antes do dilúvio, e este homem e Abraão teriam vivido simultaneamente durante cinquenta e oito anos.

Abraão recebeu um chamado de Deus, para sair do meio de sua parentela e ir para uma terra que Deus o mostraria. Abraão habitava em meio de um terra idólatra que não conhecia o Deus de Noé. Contudo, Abraão obedeceu como quem conhecia a este Deus. Indaga-se assim quem teria ensinado Abraão acerca de Deus e quem seria o homem mais velho e supostamente sábio da terra. Deste modo, só poderia ter sido Sem.

Segundo Gênesis 14:18, há evidências de que Abraão conhecia Melquisedeque, que era o rei de Salém e o sacerdote do Deus Altíssimo (...).

A tese de que Melquisedeque teria sido Sem, busca respaldo no fato de que Abrão não teria sido o primeiro homem na Terra a ter o seu nome mudado por Deus. Indaga-se por que os pais de Melquisedeque teriam antevisto o seu futuro como rei e puseram seu nome de Melquisedeque que significa "Rei de Justiça". Pois se Deus escolheu um homem preparado para liderar um povo remanescente, que não como os outros que estavam arraigados no paganismo, continuava a crer no Deus Altíssimo, logo Melquisedeque seria Sem, por se tratar de um homem experimentado, sábio, conhecedor e acima de tudo líder desde a geração que prosseguiu ao dilúvio.

Genêsis 9:26 - "E disse: Bendito seja o Senhor Deus de Sem..."

Assim, esta tese acredita que Sem, possivelmente, teve o seu nome mudado para Melquisedeque, pois seria um Rei de Justiça, assim como Abrão teve o seu nome modoficado para Abraão, para ser mais condizente com aquilo que ele seria: pai de muitas nações.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Enciclopédia de Dificuldades Bíblicas, Gleason Archer, 1982, Editora Vida.
LOSCH, Richard R. Todos os Personagens da Bíblia de A a Z, Editora Didática Paulista, 2008, pp. 341 e 342.
Comentário Bíblico BEACON, CPAD, livro 1, 3ª edição, 2009, p. 61.
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, CPAD, Edição de 1995, pp. 25 e 27.
Wikipedia.org (site consultado no dia 02/03/2012, às 20:50h).