"O menino que comia borrachas".

            Não sei se hoje em dia isso ainda acontece, mas, no meu tempo de menino, era comum uma criança comer borrachas - aquelas de escola, destinadas a apagar erros feitos com lápis ou caneta. Tinha borracha que só ficava um pedacinho, e não era difícil a criança apanhar ou ficar de castigo por estar comendo o tal material escolar. Isso acontecia por pura ignorância dos pais, que não entendiam o motivo que levava o filho a devorar as borrachas. 

            Segundo o site http://www.oligopharma.com.br/, "(...) O corpo humano contém cerca de 140g de Enxofre e necessita diariamente de 850mg. A fonte para o homem são as proteínas da dieta que contenham geralmente ao menos 1,1% dele. Os alimentos ricos em enxofre são: carne, leite, ovos, queijos, cereais, frutas secas. (...) Os vegetarianos apresentam uma carência desse elemento, particularmente se não consomem ovos. Entretanto, em alguns vegetais como cebola, alho e couve flor há uma boa quantidade dele. (...)".

            Acontece que, a borracha escolar também possui enxofre, como relata o site http://www.mundoeducacao.com.br/: "A borracha pode ser feita a partir do látex (leite extraído da árvore Seringueira). O látex dá origem à borracha natural, a partir dela que se obtêm objetos de borracha como luvas, chaveiros, sapatos. (...) A borracha tem entre seus componentes, enxofre e óleos especiais, estes ingredientes fazem com que a grafite se desprenda facilmente da superfície."

            O fato de uma criança comer borrachas, inspirou até o poeta Mário Massari a escrever o poema "O menino que comia borrachas", como abaixo se lê:


No meu tempo de escola primária / (não sei como denominam hoje) / Havia em minha turma / Um menino que comia borrachas / Sim, borrachas / Esses pequenos artefatos / Críticos severos aos lápis / A ingestão acontecia sempre / Durante as aulas / E era, para nós, estranho / Vê-lo, nos intervalos / A digerir, solitário / O banquete antecipado / Apenas muito tempo depois / Vim a entender a sapiência do seu ato: / Apagava, prematuramente, da sua vida / As vindouras e previsíveis nevascas.


             O poema de Mário Massari, embora surrealista, foi baseado em um fato verídico, o qual ele presenciou. Porém, o que o poeta não sabe (ou não sabia) é que o menino do seu poema não comia borrachas para "apagar prematuramente da sua vida as vindouras e previsíveis nevascas", mas para, instintivamentesuprir a necessidade de enxofre do seu organismo.

            Como uma  criança que come borrachas de forma inconsciente, para compensar a ausência de enxofre em seu corpo, há quem busque em fontes erradas a solução para o vazio que sente dentro de si. O sentimento de que está faltando algo, principalmente quando já se tem tudo, é desesperador.

            É comum acompanharmos a vida de pessoas famosas que possuem tudo que um ser humano pode desejar (dinheiro, fama, sucesso, reconhecimento, etc.), mas que sentem uma angustiante sensação de vazio interior. Não entendendo o que está acontecendo com elas,  partem para tratamento psicológico, terapias, drogas, álcool, e muitas delas passam a frequentar seitas, atrás de um deus que não existe; de um santo que não ouve, não fala, não vê - o ápice é o suicídio. Essas pessoas estão desorientadas, tanto quanto o menino que, não compreendendo a necessidade do seu corpo, come borrachas, atendendo ao clamor do seu organismo por enxofre. 

Walter Black (Mel Gibson)
            Walter Black, personagem do ator americano Mel Gibson no filme Um Novo Despertar (The Beaver, Estados Unidos, 2011), "é um caso clássico de depressão refratária. Nada - terapia, medicamentos, bater tambor em retiros espirituais - foi capaz de tirá-lo do estado de morte em vida em que ele se encontra. (...) Meredith, a mulher de Walter, pede que ele saia de casa. Walter sai e, na mesma noite, tenta o suicídio", comenta Isabela Boscov na coluna Cimena da Revista Veja, Editora Abril, edição 2218, nº 21, de 25 de maio de 2011, página 134.

            A Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada, nos diz: "Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus." (Rm 3.23). Pelo pecado de Adão, todo ser humano, por hereditariedade, já nasce contaminado com a natureza pecaminosa. O homem, pelo pecado, se afastou de Deus e, nessa separação do seu Criador, se tornou vazio. E nada que ele faça, por si mesmo, poderá preencher essa lacuna, nem mesmo toda riqueza deste mundo, toda fama, todo sucesso, todos os prazeres carnais, enfim. A boa notícia é que "Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho Unigênio, para que todo aquele que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3.16), pois "Deus prova o seu amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores" (Rm 5.8). Por que, então, ficar buscando em tantas fontes que não fornecem a solução? 

            O preço para o preenchimento desse vazio interior já foi pago, e "não foi pago com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, mas com o precioso Sangue do Senhor Jesus Cristo" (1 Pe 1.18). O Senhor Jesus Cristo que pagou o preço na cruz do Calvário para reconciliar o homem com Deus e, assim, preencher eficazmente o vazio provocado pelo pecado, dando-lhe a vida eterna, ressuscitou ao terceiro dia e continua convidando: "Vinde a mim , todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve." (Mateus 11:28-30).

            Há várias formas de suprir a necessidade do menino que come borrachas. Mas para todos que ainda se encontram vazios, só há uma Solução: aceitar o Senhor Jesus Cristo como Senhor e Salvador!


Pastor Hafner
Chavannes - Suíça

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