Encontrei o texto abaixo no blog de um cidadão português que se apresenta como Brama. Chamou a minha atenção pelo fato de expressar aquilo que muita gente pensa acerca do inferno. O idioma utilizado pelo autor é o português de Portugal.
Ensaio Sobre o Inferno!
Há que partir do pressuposto essencial: no Inferno é que se está bem. Tudo conduz a isso ... para quê incutir nas pobres criancinhas em tão tenra idade, a ideia exactamente oposta, levando-as em adultos, a uma permanente censura sobre os seus próprios, naturais desejos e anseios, reprimindo-os com receio de pecar? No Inferno há plumas e lantejoulas, há alegria, há varinas e mão na anca. Não, estou a exagerar ... não há nada disto e ainda bem, mas há outras coisas giras e agradáveis. Entre o céu e o inferno não tenho qualquer dúvida na escolha, qualquer indecisão, opto pelo segundo, senão vejamos.
Começa logo pelo factor cor e tonalidades. O Inferno é vermelho, fervoroso e quentinho, acolhe-nos, convida-nos a ficar. Vermelho é a cor do Amor, da Vida, do sangue pulsante, da felicidade, da boa disposição, é uma cor viva, alegre, forte, bem disposta. Num ambiente vermelho e vivo, sentimo-nos desejados, recebidos com exaltação dos sentidos, bem-vindos.
Agora pensem no céu, azul, frio, desprovido de um ambiente festivo... apático, inerte. Que desagradável, tudo azul claro, azul bebé, gélido, silencioso, quase estéril onde não habita a alegria nem a festividade, mas uma ambiência irritante de candura e massacrante de uma paz etérea. Que seca tamanha, tudo a flutuar naquele azul desenchabido. De azul, gosto apenas dos tons mais claros, ou tons esverdeados ou acinzentados, ou então, azul forte, muito forte, azulão e azuis escuros ... agora azul médio e azul bebé ... azul tipicamente azul não dá com nada, não é estético e é secante.
Depois a gente chega ao inferno, não é ... e sentimos logo uma certa perversidade, uma certa malícia na própria receptividade, há um cortejar constante por seres de estranhas formas, altamente sexualizantes, diabos e demoniozinhos de olhar malicioso de desejo, fortes e viris demónios e demónias de formas físicas trabalhadas, torneadas, vincadas, tonificadas, sexualmente belas, com perfeitos músculos, veias bem desenhadas numa pele imaculadamente lisa, rígidos bíceps, amplos peitorais, lascivos e cheios seios, nádegas proeminentes de musculatura, quais nubians ... longas e belas caudas, formas física e atleticamente apelativas, extasiantes ... há um ambiente que transpira e embriaga, envolvendo-nos de um infinito, insaciável, perpétuo desejo carnal. Há mil códigos, olhares, insinuações de carácter sexual, há jogo de sensualidade, que também alimenta o ego.
No céu ... recebe-nos um anjo de paz e harmonia, vazio de desejo, ofuscante de brancura, de longas e pacíficas asas, longos e dourados cabelos, quem caem esparsos em canudos sobre os ombros alvos de pureza. Mais ao fundo, outros anjos nos esperam, uma paz e uma tranquilidade constante, seus grandes e húmidos olhos azuis, atentos e vigilantes, acolhem-nos numa infinita bondade, que disso não passa. Nem só da bondade vive o Homem, não acham?! E o resto? Ainda por cima, os anjos não têm sexo, nada debaixo daqueles ténues trapos, brancos e azuis, que desinteresse. Ali ficamos todos naquela serenidade, naquela aborrecida, perpétua calma. Bahhh ! que tristeza.
No inferno, há movimento constante, há caldeirões escaldantes, cozinhando mil delícias diversas, há luxúria, há chama, há festa e mais festa, toca-se bateria e guitarra eléctrica, ouve-se hard rock e trance psicadélico, vozes fortes e quentes, há explosões mil, de vida, de força, de boa disposição, um estado de saudável loucura. Mais além há, para os diabretes mais intelectuais, orquestras maravilhosas, grandes óperas ... para as diabas mais alternativas, há arrojados festivais de luz e som, com exóticas sessões de tatuagens e piercings ... tudo em festa e mais festa.
No céu ... há um silencioso e constante som de harpa, aborrecido, infeliz ... em alternativa, temos o silêncio eterno.
No inferno há erupções vulcânicas, geisers aqui e além, somos surpreendidos sistematicamente com potentes e vivas demonstrações; no céu há calma e mais calma e para variar um pouquinho, houve-se ao longe ... uma ténue e translúcida cascata cadenciada e alternada por um leve murmurar de uma harpa alada ou o silencioso bater de asas de um colibri.
Digam lá vocês se não é no inferno que se estará bem!!!
Fonte: clique aqui.
Nota: Ainda que se trate de uma ironia, o quadro do inferno e do céu que é apresentado no texto acima segue de acordo com o que muitos imaginam, levando-os a pecar, sem medo do castigo eterno e totalmente desprovidos do temor a Deus. Assim sendo, em outras postagens vamos tratar sobre o verdadeiro inferno, onde não há nenhum motivo para se querer ir e, lá estando, não há o que se comemorar.
Pastor Hafner
Chavannes - Suíça
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