"Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal! Que fazem da escuridade luz, e da luz, escuridade, e fazem do amargo doce, e do doce, amargo!" (Isaías 5:20).
Isaías, um antigo profeta (mas não um "profeta antigo") que viveu muito à frente de seu tempo, já protestava no VII Século a.C. (portanto, há cerca de 2700 anos!) contra o relativismo moral presente em sua época. Isaías criticou severamente aqueles que invertiam os valores morais da sociedade de seu tempo e que, portanto, contribuíam na promoção de uma conduta confusa e desorientada por parte do público comum. Parece que ele estava descrevendo os nossos dias ao fazer tal protesto. Que sujeito visionário! Que precocidade profética!
Hoje, vivemos em uma sociedade plural que está situada em uma emaranhada e complexa cadeia de pensamentos, ideologias, filosofias e religiões. Respeitar toda a forma de "diversidade" e de "pluralismo" é a palavra de ordem do momento. Essa é a agenda do "politicamente correto". Contudo, toda essa pluralidade social, cultural, lingüística, filosófica, ideológica, teológica etc experimentada por nós, pode nos induzir facilmente ao erro, fazendo-nos pensar, quer estejamos conscientes disso ou não, que não há uma fronteira nítida entre o certo e o errado, entre o honesto e o desonesto e entre o bem e o mal. Esse tipo de pensamento pode nos conduzir a um relativismo ideológico e a uma "política de boa vizinhança forçada" que pode favorecer o florescimento de pensamentos, tais como, o já desgastado e equivocado: "o que é verdade pra você pode não ser verdade pra mim". Ou seja, a verdade acaba sendo relativizada. Sendo assim, todo mundo está certo! E, Logo, se todos estão certos, então não podemos discordar da opinião dos outros sob o risco de sermos tachados de intolerantes, preconceituosos, fundamentalistas, além de recebermos tantos outros rótulos semelhantes a estes ou piores.
Em nossos dias, em nome do "respeito às idéias alheias" (mesmo que estas sejam absurdas!), somos forçados a não emitir a nossa própria opinião sobre um determinado assunto (mesmo que isso implique sacrificar a verdade!), já que cada um tem o direito de ter e expressar a "sua" verdade e, desse modo, somos incentivados a viver com "a síndrome dos três macaquinhos": não vimos nada, não ouvimos nada e também não falamos nada.
Hoje, vivemos numa verdadeira guerra ideológica, onde a sociedade criou novos vocábulos e eufemismos, na tentativa de redefinir e requalificar antigas práticas bastante conhecidas, tentando assim torná-las mais aceitáveis ou palatáveis diante da opinião pública. Hoje, as "prostitutas" se tornaram "garotas de programa" ou "profissionais do sexo", a "pornografia" virou "nudez artística", a "promiscuidade" se transformou em "amizade colorida" e o "homossexualismo" virou "homoafetividade", entre outros. Por outro lado, o "pecado" se transformou há muito tempo em "bobagem", em "coisa de gente atrasada", ou em "assunto de gente ignorante". Essa linguagem sutil, repleta de eufemismos e, portanto, recheada de "armadilhas verbais", foi implacavelmente combatida por Isaías. Ele disse: "Ai daqueles que pervertem os valores morais, atribuindo a uma coisa o seu sentido contrário ou não correspondente!".
Que Deus nos ajude a nos posicionarmos de forma crítica (sem nos tornarmos intolerantes, preconceituosos e desumanos, é claro!) diante de todas as informações que chegarem ao nosso conhecimento. Além disso, que Deus nos ajude, acima de tudo, a entendermos que há absolutos morais e éticos dos quais jamais conseguiremos fugir e os quais não devem ser relativizados em hipótese alguma. Por isso, a advertência feita pelo profeta Isaías em um passado distante tem ecoado ainda no tempo presente e é tão verdadeira e válida para os dias hoje tal como o fora nos séculos passados.
Autor: Pr. Carlos Augusto Vailatti
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