Quem nunca ouviu a expressão "o mal é a língua"? Às vezes nós mesmos a utilizamos quando alguém fala algo que consideramos ser mentira ou exagero. Todavia, o mal não é a língua, mas a sua utilização para a prática do que é ilícito, a exemplo da fofoca.
A língua é um órgão muscular relacionado à formação dos fonemas da fala, além de ser responsável pelo paladar. Sendo assim, precisamos da língua para falar e para degustar os alimentos. A fala, que é a utilização oral da língua, expõe, dentre outras coisas, o caráter de uma pessoa.
Muitos casamentos são destruídos, muitas amizades são desfeitas, muitos filhos se revoltam e muitos irmãos e irmãs saem da presença do SENHOR em consequência da má utilização da língua de outros.
A fofoca é uma das formas mais desprezíveis de utilização da língua, e, sendo assim, quem fofoca revela-se uma pessoa sem caráter e traiçoeira. Quem gosta de ouvir fofocas não é diferente de quem fofoca. Charles Spurgeon disse: "Não creia em metade do que você ouve; não repita metade do que você crê; quando ouvir uma notícia negativa, divida-a por dois, depois por quatro e não diga nada sobre o resto dela".
Há casos em que falar a coisa certa pode trazer prejuízo para quem ouve e, inclusive, para quem fala. Isso é porque existe um momento certo para que uma verdade seja dita, um conselho seja dado ou uma exortação seja ministrada — Como nos ensina a Bíblia Sagrada: "Há tempo de calar, e tempo de falar..." (Ec 3.7). Porém, para fofocas não existe tempo que seja oportuno!
O uso indisciplinado da língua causa estragos muitas vezes irreparáveis, e, por incrível que pareça, pode ter consequências eternas. Por isso a Bíblia Sagrada nos alerta muitas vezes, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, a termos muita prudência no uso da língua. Vamos ver o que Tiago escreveu em sua Epístola sobre o assunto em tela:
"Meus irmãos, não sejais muitos de vós mestres, sabendo que receberemos um juízo mais severo. Pois todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, esse é homem perfeito, e capaz de refrear todo o corpo. Ora, se pomos freios na boca dos cavalos, para que nos obedeçam, então conseguimos dirigir todo o seu corpo. Vede também os navios que, embora tão grandes e levados por impetuosos ventos, com um pequenino leme se voltam para onde quer o impulso do timoneiro. Assim também a língua é um pequeno membro, e se gaba de grandes coisas. Vede quão grande bosque um tão pequeno fogo incendeia. A língua também é um fogo; sim, a língua, qual mundo de iniquidade, colocada entre os nossos membros, contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza, sendo por sua vez inflamada pelo inferno. Pois toda espécie tanto de feras, como de aves, tanto de répteis como de animais do mar, se doma, e tem sido domada pelo gênero humano; mas a língua, nenhum homem a pode domar. É um mal irrefreável; está cheia de peçonha mortal. Com ela bendizemos ao Senhor e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. Da mesma boca procede bênção e maldição. Não convém, meus irmãos, que se faça assim. (...)". (Tg 3.1-10)
Com o advento da tecnologia, o crescente uso dos computadores e dos smartphones aumentou de forma exponencial a prática da fofoca. Segundo uma pesquisa feita na Inglaterra, o uso indevido das redes sociais tem sido a principal causa de divórcios — some-se a isso o rompimento de amizades e de outros tipos de relacionamentos. O WhatsApp, por exemplo, estreitou ainda mais o contato entre pessoas, proporcionando rapidez nas informações, o que é, de certa forma, um grande benefício. Contudo, há aqueles e aquelas que, desprovidos de responsabilidade, sensatez, sabedoria e caráter, usam essa ferramente para caluniar, difamar e/ou denegrir outras pessoas, usando, inclusive, a língua, através de ligações ou mensagens de voz.
Concluímos, então, que o mal não é a língua. Porém, a língua, sendo um órgão muscular relacionado à formação dos fonemas da fala, serve para externar o bem ou o mal que existe no coração do homem, "pois a boca fala do que está cheio o coração. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más" (Mt 12.34,35).
PASTOR HAFNER
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