4 - O LIVRO DE NÚMEROS

               Dando seguimento ao nosso estudo sobre os livros da Bíblia, vamos agora para o livro de Números. Este livro também foi escrito por Moisés, cerca de 1405 antes de Cristo. O tema nele abordado é a Peregrinação no Deserto

               Pegue a sua Bíblia para conferir os versículos indicados no texto. Minha oração é para que o Espírito Santo abra mais uma vez o teu entendimento para os maravilhosos propósitos de Deus, tão profundamente revelados em Sua Palavra.

               Tenha um bom estudo!
              

               Considerações Preliminares

               O título do livro, "Números", surgiu primeiramente nas versões gregas e latinas e deriva dos dois recenseamentos ou "contagens" do povo registrados no livro (1.26). A maior parte do livro, entretanto, descreve as experiências de Israel nas suas peregrinações "no deserto". Daí, este livro ser chamado no Antigo Testamento hebraico "No Deserto" (Bemidbar - palavra que aparece no primeiro versículo do livro).

               Cronologicamente, Números é uma continuação da história relatada no livro de Êxodo. Depois de uma estada de aproximadamente um ano no monte Sinai - período durante o qual Deus estabeleceu seu concerto com Israel, deu a Moisés a lei e o modelo do Tabernáculo, e instruiu-o a respeito do conteúdo de Levítico - os israelitas se prepararam para continuar sua viagem à terra que Deus lhes prometera como descendentes de Abraão, Isaque e Jacó. Pouco antes de partirem do monte Sinai, no entanto, Deus mandou Moisés numerar todos os homens de guerra (1.2, 3). Dezenove dias depois, a nação partiu de lá, numa curta viagem para Cades-Barnéia (10.11). Números registra a grave rebelião de Israel em Cades, e seus trinta e nove anos subseqüentes de julgamento no deserto, até quando Deus conduziu toda uma nova geração de israelitas às planícies de Moabe, à beira do rio Jordão, do lado oposto a Jericó e à terra prometida.

               A autoria de Números é historicamente atribuída a Moisés (1) pelo Pentateuco judaico e o Samaritano; (2) pela tradição judaica; (3) por Jesus e pelos escritores do Novo Testamento; (4) pelos escritores cristãos antigos; (5) pelos estudiosos conservadores contemporâneos; e (6) pelas evidências internas do próprio livro (e.g., 33.1, 2). Moisés, sem dúvida, escreveu um diário durante as peregrinações no deserto, e mais tarde dispôs o conteúdo de Números em forma narrativa, pouco antes de sua morte (c. 1405 a.C.). A prática de Moisés, de referir-se a si mesmo na terceira pessoa, era comum nos escritos antigos, e em nada afeta a credibilidade da sua autoria.

               Propósito

               Números foi escrito para relatar porque Israel não entrou na terra prometida imediatamente depois de partir do monte Sinai. O livro trata da fé que Deus requer do seu povo, dos seus castigos e juízos contra a rebelião e do cumprimento progressivo do seu propósito.

               Visão Panorâmica

               A mensagem principal de Números é evidente: o povo de Deus prossegue avante tão-somente por confiar nEle e nas suas promessas e obedecer à sua Palavra. Embora a travessia do deserto fosse necessária por certo tempo, não era intenção original de Deus que a prova naquele lugar se prolongasse a tal ponto que uma geração inteira de israelitas habitasse e morresse ali. A curta viagem do monte Sinai a Cades, significou trinta e nove anos de aflição e de julgamento por causa da incredulidade deles. Durante a maior parte do tempo referente a Números, Israel foi um povo infiel, rebelde e ingrato para com Deus, apesar dos seus milagres e provisão. Murmuração generalizada surgiu entre o povo, pouco depois da sua partida do monte Sinai (cap. 11); Miriã e Arão falaram mal de Moisés (cap. 12); Israel, como um todo, rebelou-se em Cades na sua obstinada incredulidade, e recusou-se prosseguir para Canaã (cap. 14); Coré com muitos outros levitas rebelaram-se contra Moisés (cap. 16). Pressionado além dos limites por um povo rebelde, Moisés, por fim, pecou na sua ira, por imprudência (cap. 20); a seguir, Israel adorou a Baal (25). Todos os Israelitas que no incidente de Cades tinham de vinte anos pra cima (excetuando-se Josué e Calebe) pereceram no deserto. Uma nova geração de israelitas finalmente chegou aos termos orientais da terra prometida (26 - 36).

               Características Especiais

               Seis características especiais projetam o livro de Números. (1) É o "Livro das Peregrinações no Deserto", a revelar claramente porque Israel nao possuiu imediatamente a terra prometida depois de partir do monte Sinai. Antes, teve que peregrinar, vagueando no deserto por mais trinta e nove anos. (2) É o "Livro das Murmurações", que registra vez após vez a murmuração, o descontentamento e as queixas dos israelitas contra Deus e seu modo de lidar com eles. (3) O livro ilustra o princípio que sem fé é impossível agradar a Deus (cf. Hb 11.6). Vemos, por todo esse livro, que o povo de Deus triunfa tão-somente ao confiar nEle com fé inabalável, crer nas suas promessas e depender dEle como sua fonte de vida e de esperança. (4) Números revela com profundidade o princípio de que se uma geração fracassar, Deus suscitará outra para cumprir suas promessas e para levar a efeito a sua missão. (5) O censo antes de Cades-Barnéia (1 - 4) e o posterior feito nas planícies de Moabe, antes da entrada em Canaã (cap. 26), revela que não era o tamanho inadequado do exército de Israel que o impedia de entrar em Canaã, partindo de Cades, mas o tamanho inadequado da sua fé. (6) É o "Livro da Disciplina Divina", a demonstrar que Deus realmente disciplina os seus e executa julgamento sobre eles, quando persistem na murmuração e na incredulidade (13 - 14).

               Números e Seu Cumprimento no Novo Testamento

               As murmurações e a incredulidade de Israel são mencionadas como advertências aos crentes do novo concerto (1 Co 10.5-11; Hb 3.16 - 4.6). A gravidade do pecado de Balaão (22 - 24) e da rebelião de Coré (cap. 16) também são mencionados (2 Pe 2.15, 16; Jd 11; Ap 2.14). Jesus faz referência à serpente de bronze como uma alusão a Ele mesmo ao ser levantado na cruz, de modo que todos os que nEle crêem não pereçam mas tenham a vida eterna (Jo 3.14-16; ver Nm 21.7-9). Além disso, Jesus Cristo é comparado com a rocha do deserto, da qual Israel bebeu (1 Co 10.4) e com o maná celestial que alimentou aquele povo (Jo 6.31-33). 


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ESTUDOS ANTERIORES


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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

STAMPS, Donald C. Números, Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, pp. 229 e 230 (Os grifos no texto são meus).

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