- Autor: Jeremias
- Tema: O Juízo Divino e Inevitável de Judá
- Data: Cerca de 585 - 580 a.C.
Considerações Preliminares
O ministério profético de Jeremias foi dirigido ao Reino do Sul, Judá, durante os últimos quarenta anos de sua história (626 - 586 a.C.). Ele viveu para ser testemunha das invasões babilônicas de Judá, que resultaram na destruição de Jerusalém e do templo. Como o chamado de Jeremias propunha-se que ele profetizasse à nação durante os últimos anos de seu declínio e queda, é compreensível que o livro do profeta esteja cheio de prenúncios sombrios.
Jeremias, filho de sacerdote, nasceu e cresceu na aldeia sacerdotal de Anatote (mais de 6 km ao nordeste de Jerusalém) durante o reinado do ímpio rei Manassés. Jeremias começou seu ministério profético durante o décimo-terceiro ano do reinado do bom rei Josias, e apoiou seu movimento de reforma. Não demorou para perceber, no entanto, que as mudanças não estavam resultando numa verdadeira transformação de sentimentos do povo. Jeremias advertiu que, a não ser que houvesse verdadeiro arrependimento em escala nacional, a condenação e a destruição viriam de repente.
Em 612 a.C., a Assíria foi conquistada por uma coalizão babilônica. Cerca de quatro anos depois da morte do rei Josias, o Egito foi derrotado por Babilônia na batalha de Carquemis (605 a.C.; ver Jeremias 46.2). Naquele mesmo ano o exército babilônico de Nabucodonosor invadiu a Palestina, capturou Jerusalém e deportou alguns dos jovens mais seletos de Jerusalém para Babilônia, entre eles Daniel e seus três amigos. Uma segunda campanha contra Jerusalém ocorreu em 597 a.C., ocasião em que foram levados dez mil cativos à Babilônia, entre os quais Ezequiel. Durante todo esse tempo, as advertências proféticas de Jeremias a respeito do juízo divino iminente passaram desapercebidas pela nação. A última invasão babilônica tomou Jerusalém, o templo e a totalidade do reino de Judá em 586 a.C.

O autor do livro é indicado com clareza: Jeremias (Jr 1.1). Depois de profetizar durante vinte anos a Judá, Jeremias foi ordenado por Deus a deixar a sua mensagem por escrito. Assim o fez, ao ditar suas profecias a seu fiel secretário, Baruque (Jr 36.1-4). Visto que Jeremias estava proibido de comparecer diante do rei, enviou então Baruque para ler as profecias no templo. Depois disso, Jeudi as leu diante do rei Joaquim. O monarca demonstrou desprezo a Jeremias e à palavra do Senhor ao cortar e queimar o rolo (Jr 36.22,23). Jeremias voltou a ditar suas profecias a Baruque, e dessa vez incluiu até mais do que estava no primeiro rolo.
Propósito
O livro foi escrito: (1) para fornecer um registro permanente do ministério profético de Jeremias e sua mensagem; (2) para revelar o inevitável juízo divino por ter o povo transgredido o concerto e persistido em sua rebelião contra Deus e Sua palavra; e (3) para demonstrar a autenticidade e autoridade da palavra profética. Muitas das profecias de Jeremias foram cumpridas durante a própria vida do profeta (e.g., Jr 16.9; 20.4; 25.1-14; 27.19-22; 28.15-17; 32.10-13; 34.1-5); outras, que envolviam o futuro distante, foram cumpridas posteriormente, ou ainda estão por se cumprir (e.g., Jr 23.5,6; 30.8,9; 31.31-34; 33.14-16).
Visão Panorâmica
O livro é essencialmente uma coletânea de profecias de Jeremias, dirigidas principalmente a Judá (Jeremias 2 a 29), mas também a nove nações estrangeiras (Jr 46 a 51); estas profecias focalizam principalmente o juízo, embora haja algumas que dizem respeito à restauração (ver especialmente os caps. 30 a 33). Essas profecias não estão dispostas numa ordem rigidamente cronológica ou temática, embora o livro de Jeremias tenha a estrutura global indicada no esboço. Parte do livro está escrita em linguagem poética, ao passo que outras têm a forma de prosa ou narrativa. Suas mensagens proféticas estão entrelaçadas com os seguintes aspectos históricos: (1) a vida e ministério do profeta (e.g., caps. 1; 34 a 38; 40 a 45); (2) a história de Judá, principalmente durante o período dos reis: Josias (caps. 1 a 6), Joaquim (caps. 7 a 20), e Zedequias (21 a 25; 34), inclusive a queda de Jerusalém (cap. 39), e (3) eventos internacionais que envolviam Babilônia e outras nações (25 a 29; 46 a 52).
Assim como Ezequiel, Jeremias pratica várias ações simbólicas a fim de ilustrar de modo claro a sua mensagem profética: exemplo, o cinto podre (Jr 13.1-14), a seca (Jr 14.1-9), a proibição divina de não se casar ou ter filhos (Jr 16.1-9), o oleiro e o barro (Jr 18.1-11), o vaso do oleiro, que se fragmentou (Jr 19.1-13), os dois cestos de figos (Jr 24.1-10), o jugo no seu pescoço (Jr 27.1-11), a compra de um terreno na sua cidade natal ((Jr 32.6-15) e as grandes pedras colocadas no pavimento de tijolos de Faraó (Jr 43.8-13). A compreensão clara que Jeremias tinha de sua chamada profética (Jr 1.17), juntamente com as frequentes reafirmações de Deus (e.g., Jr 3.12; 7.2,27,28; 11.2,6; 13.12,13; 17.19,20), capacitaram-no a proclamar com ousadia e fé a palavra profética a Judá, apesar de esta nação sempre reagir com hostilidade, rejeição e perseguição (e.g., Jr 15.20,21). Após a destruição de Jerusalém, Jeremias foi levado contra sua vontade ao Egito, onde continuou profetizando até a sua morte (caps. 43 e 44).
Características Especiais

O Livro de Jeremias ante o Novo Testamento
O emprego principal do livro de Jeremias no Novo Testamento diz respeito à sua profecia de um "novo concerto" (Jr 31.31-34). Embora Israel e Judá tivessem transgredido, repetidas vezes, os concertos com Deus, sendo, posteriormente, arruinados como castigo por sua rebeldia, Jeremias profetizou a respeito de um dia em que Deus faria com eles um novo concerto (Jr 31.31). O Novo Testamento deixa claro que esse novo concerto foi instituído com a morte e ressurreição de Jesus Cristo (Lc 22.20; cf. Mt 26.26-29; Mc 14.22-25), está sendo cumprido agora na igreja, que é o povo de Deus segundo o novo concerto (Hb 8.8-13), e chegará ao seu clímax na grande salvação de Israel (Rm 11.27). Outras passagem messiânicas de Jeremias aplicadas a Jesus Cristo no Novo Testamento são: (1) o Messias como o Bom Pastor e o Justo Renovo de Davi (Jr 23.1-8;ver Mt 21.8,9;Jo 10.1-18; 1 Co 1.30; 2 Co 5.21); (2) o choro amargo em Ramá (Jr 31.15), cumprido na época em que Herodes procurou matar o menino Jesus (ver Mt 2.17,18), e (3) o zelo messiânico pela pureza da casa de Deus (Jr 7.11), demonstrado por Jesus quando purificou o templo (ver Mt 21.13; Mc 11.17; Lc 19.4).
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BIBLIOGRAFIA
Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, Edição de 1995, ano 2002, pp. 1078, 1079 e 1080.
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